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THE MEANING OF TREES

O verdadeiro significado das florestas tropicais úmidas

 

Evaporação acima da mata pluvial de monção na Malásia/Tailândia. © Edward Parker

 

O verdadeiro significado das florestas tropicais úmidas

Fred Hageneder (manuscrito não publicado), Abril de 2012

Em agosto de 2006 foi publicado um artigo notável no jornal da União de Geociências Europeia (European Geosciences Union), o Hydrology and Earth System Science (Ciência do sistema hidrológico e terrestre), onde os autores A.M. Makarieva e V. G. Gorshokov descrevem novos conhecimentos sobre a influência das florestas terrestres sobre o clima. [1] Segue um resumo do artigo com citações detalhadas (realce em negrito e itálico de F.H.).

Inicialmente, Makarieva e Gorshkov analisam os princípios geofísicos e ecológicos básicos, que permitem que as massas terrestres permaneçam úmidas, e possibilitam a vida biológica na terra.

1. “No impacto da gravitação, a terra perde inevitavelmente sua água para os mares. Para manter a terra úmida, a vasão da água precisa ser equilibrada continuamente através do “transporte atmosférico do mar para a terra” (mais conhecido como precipitação, ou, ainda mais comum, como chuva). Mas nuvens largam sua água e esgotam depois de um tempo – ou duma distância, o que depende do vento. “A distância média para o fluxo de ar passivo transportar umidade em áreas sem florestas, não é maior do que algumas centenas de quilômetros – então a precipitação diminui exponencialmente com a distância do mar.”

2. “A precipitação acima de vastas selvas, ao contrário, se estende por milhões de quilômetros, independente da distância do mar”, como pode ser visto nos percursos do Rio Amazonas e do Jenissei na Sibéria, ou também na África equatorial. Isso não pode ser explicado com geofísica pura; mas “aponta para a existência de uma ativa bomba biótica, que leva a umidade do oceano para o interior.”

3. O elo, até então negligenciado, a força que carrega a umidade por distâncias imensas para o interior, é a floresta. Quantidades enormes de vapor sobem das florestas e formam neblina e nuvens. Ventos terrestres empurram as nuvens mais para o interior, onde elas soltam a chuva: “Devido ao índice de área folear, as selvas tem uma taxa muito alta de evaporação, que favorece a elevação de massas de ar por cima da floresta onde ‚aspiram‘ mais ar úmido do mar. E isso é a essência da bomba biótica da umidade do ar.” Como resultado, a perda de água dos continentes devido à gravidade (a vazão através dos rios) “pode ser compensada por completo pela precipitação biologicamente reforçada – em qualquer distância do mar.”

Margens arborizadas do Rio Jenissei na Sibéria

Imagem: Margens arborizadas do Rio Jenissei na Sibéria,
© aroundtheworldwithu.blogspot.co.uk

 

O poder das folhas

Todos os tipos de floresta tem um “índice de área folear” mais elevado do que outros ecossistemas (por exemplo a estepe e áreas de arbustos). O maior índice de área folear se encontra na mata pluvial tropical com sua construção em quatro camadas:
• As árvores gigantes (com alturas de 45 a 55 metros, algumas espécies até de 70 a 80 metros) que ultrapassam a camada da copa geral;
• A camada da copa (cerca de 30 a 45 metros de altura) que forma um teto verde sobre as duas camadas mais baixas;
• A camada de arbustos e arvoretas com arbustos tolerantes à sombra e pequenas árvores, como também de cipós.
• A camada de ervas, onde musgos, samambaias e outras plantas do chão consomem os últimos raios de sol, que chegam até lá.

No Equador, há a mais forte incidência de energia solar da terra, que chega a mais do que 330 Watt por metro quadrado (ver mapa). A floresta tropical intacta absorve 75% desta energia, o que equivale a 560 calorias por grama de água consumida pelas plantas. Isso significa, que a quantia de energia processada pela vegetação da bacia do Amazonas (sete milhões de metros quadrados) equivale a energia de quinze bombas do tipo Hiroshima (15 quilotoneladas) – a cada segundo, dia e noite, durante o ano todo. Esta quantia de energia inimaginável é utilizada para bombear água do chão e transportá-la nos aquedutos das árvores e plantas para cima, onde, através de miríades de pequenos poros nas folhas, é emitida para o ar. Isso se chama evapotranspiração. Com isso, a floresta tropical da América do Sul cria o dobro de vapor do que o Atlântico vizinho! Como este vapor sobe para camadas de ar mais altas, novas massas de ar são aspirados do mar. Estes levam mais umidade para a terra e com isso, mais chuva.

solar land area. © Wikimedia Commons

A água que cai como chuva na floresta amazônica evapora novamente pelas folhas e cria novas nuvens. Os ventos equatoriais deslocam estas nuvens pelo Oeste, e levam a umidade para o interior, agora mais remoto do mar. Nos 4.000 quilômetros da bacia do Amazonas, a chuva é “reciclada” de cinco a seis vezes. Por isso, longe no Oeste, na beira dos Andes, chove tanto quanto perto do mar, no Este do continente [2]

Assim, a floresta amazônica cria sua própria chuva e seu próprio clima. E os ventos e correntezas do oceano levam os impactos favoráveis bem além da região. A floresta amazônica garante as chuvas no celeiro dos Estados Unidos, como também a corrente do Golfo, que proporciona um clima moderada à Europa.

Um “Powerhouse” parecido é o Congo, onde “cada hectare de floresta pluvial gera quase 190.000 litros de água por ano” [3] No Norte (Canadá, Sibéria, Russia) a floresta boreal de coníferas também é tão relevante, mesmo que trabalhe em um clima diferente e bem mais fresco, sendo o maior cinto florestal ininterrupto da terra.

 

Evolução

Quando a vida conquistou os continentes, era vital (no senso próprio da palavra) ter um abastecimento suficiente de água, independente da proximidade do mar. Comunidades ecológicas antigas tinham que desenvolver a habilidade de atrair água de longe. A vida na terra necessitava de “um mecanismo ativo … para transportar umidade para o interior, onde a quantidade era definida pela necessidade da sociedade ecológica. Um tal mecanismo se desenvolveu na terra durante a evolução biológica em forma de floresta – uma área ininterrupta com população de grandes plantas (árvores), em interação íntima com todos os outros organismos da comunidade ecológica. Árvores são responsáveis tanto para a acumulação inicial de água nos continentes, no passado geológico, como também, enquanto existir vida na terra, para a perpetuação estável da reserva hídrica continental nos séculos seguintes.”

 

Desmatamento

A substituição da floresta primária por vegetação com baixo índice de área folear (por exemplo campos de soja ou pastos) “resulta numa diminuição de até 10 vezes da pluviosidade média no continente” – Se a floresta primária some, uma grande parte da chuva faltará.

“A bomba biótica de umidade, como também … a conservação eficiente da umidade ascendente funciona exclusivamente com formas naturais de floresta imperturbadas. A vegetação de pradaria, floresta de arbustos, estepe, savana, de florestas desbastadas e exploradas, plantações, pastos ou roças não podem pôr a bomba biótica de umidade em movimento, nem manter o conteúdo de umidade ascendente num nível ideal para a vida. O ciclo hidrológico destas áreas se encontra numa dependência crítica da sua distância do mar; ele é determinado por flutuações fortuitas e chuvas sazonais do mar. Estas regiões são suscetíveis a secas, inundações e incêndios.” E também desertificação.*

* Ecossistemas com uma fina camada de vegetação, como a savana africana, são “vinculadas intimamente com as atividades humanas dos últimos milênios. … As savanas representam um estágio de sucessão (termo ecológico para uma fase de transição) de ecossistemas, que se desenvolvem novamente em uma floresta imperturbada. Esta transição acontece logo que falta a interferência humana por queimadas ou sobrepastoreio.” A existência contínua de savanas depende unicamente da interferência do homem. “Assim a crescente pressão antrópico não apenas evita a volta periódica das savanas para um estágio de floresta, mas transforma as savanas gradualmente em desertos. O mesmo vale para estepes e pradarias da zona temperada.”

Nem “florestas secundárias” – que se encontram no processo de autocura depois de interferências humanas e naturais, como incêndios, arrancadas ou estragos de ventania – são … capazes de servir efetivamente como bomba biótica. Nestas florestas, todos os mecanismos para a regulação do ambiente, incluindo a bomba biótica de umidade, estão em reforma e apenas com eficácia limitada.

“Apenas a floresta primária é capaz de garantir estabilidade à bomba biótica de umidade a longo prazo, porque as propriedades genéticas de florestas nativas e originais correlacionam com propriedades geofísicas das regiões que ocupam. Vegetação exótica, criada artificialmente, com programas genéticas geograficamente irrelevantes, não pode se manter a longo prazo em terra forasteira. Depois da sua prosperidade temporária, segue a degeneração da paisagem e finalmente o colapso ecológico.”

Florestas nativas são instrumentos bem afinados, que causam e mantem o abastecimento hídrico da sua região. Aprendemos recentemente que árvores podem até aumentar a velocidade da formação de nuvens, eliminando quantias variáveis de certos produtos químicos durante a evapotranspiração, que atuam como núcleos de condensação para a formação de nuvens (por exemplo potássio, terpenos ou isoprenóides). [4]

 

A importante faixa costeira

“Além disso é indispensável para a bomba biótica de umidade, que a floresta nativa beire o mar.” A bacia do Mississípi, por exemplo, é arborizada do estuário no Atlântico, terra adentro, e chuvas anuais de cerca de 1.000 mm ainda acontecem em cerca 1.750 quilômetros subindo o rio. Mas então, a floresta some, e a chuva diminui rapidamente para 200 mm. Na bacia do Amazonas, porém, o volume da chuva se mantém constantemente em cerca de 2.400 mm/ano, e até fica mais alto na cordilheira dos Andes com 4.000 mm do que na proximidade do mar [2]

“Se a floresta nativa natural está sendo destruída ao longo da faixa costeira numa largura de 600 km, a bomba biótica de umidade está paralizada. As florestas remanescentes do interior não são mais capazes de atrair umidade oceânica do ar.” Seu excesso de água logo é levado pelos rios ou ventos. A grande fertilidade das bacias dos rios chega ao fim. A terra resseca e as florestas morrem.” Uma grande parte da reserva de água potável da massa terrestre, “incluindo a água do chão, de pântanos, geleiras e lagos” vai sumir. “ Isso significa, que toda a água acumulada em terra, escorrerá para o mar em apenas quatro anos.”

Desmatamento completo transforma cada rio em deserto dentro de poucos anos. Foi observado na história antiga da Austrália, que o desaparecimento de vastas florestas ao longo dos rios, coincide com a chegada e expansão humana (há cerca 50.000 à 100.000 anos). “Há uma grande quantia de provas indiretas de que o homem foi responsável pelo desmatamento completo do continente australiano. Como isso pôde acontecer é evidente.”

“Para desmatar o continente precisava eliminar apenas a zona florestal, relativamente estreita, ao longo da costa. Isso se deu facilmente com a colonização dos primeiros homens com suas atividades domésticas e com as queimadas causadas por eles. Assim, as florestas intercontinentais foram isoladas do mar e a bomba biótica de umidade ficou paralizada. As florestas no interior, apesar da sua virgindade, morreram sozinhas, mesmo sem intensas atividades humanas.”

A maneira moderna de exploração florestal, responsável pelo desmatamento mundial de veemência sem igual, vem da Europa ocidental. Porém, o total desmatamento medieval de vastas áreas europeias, não resultou em desertificação permanente. Porquê? Porque na Europa “não há áreas distantes mais do que 600 km da costa.” A chuva sempre encontrou um caminho (relativamente curto) para o interior e conseguiu manter a paisagem verde. Hoje em dia, a Europa é o único continente onde desmatamento não é um problema congruente (ao contrário: a área florestada na Europa até está aumentando). Mas a situação geofísica única da Europa, tragicamente leva “à ilusão que o método do desmatamento pode ser exportado sem reflexão para outras partes do mundo – apesar dos sinais acumulados das consequências catastróficos para um continente gigante.”

Porém, a Europa também paga um preço. A eliminação de inúmeras florestas alpinas (para pistas de esqui etc.) resultou numa diminuição da precipitação em áreas elevadas, o que “levou a um declínio das geleiras. Este fenômeno está sendo discutido apenas em conexão com o aquecimento global e o aumento de carbono, enquanto o efeito da bomba biótica está sendo ignorado.” Geleiras necessitam de duas condições: temperaturas baixas e água; todo mundo fala do aquecimento, mas ninguém pesquisa as razões para transtornos nos recursos hídricos.

 

Conclusão

A erradicação da camada florestal nas bacias dos grandes rios do mundo “teria as seguintes consequências: um declínio de um décimo ou mais da quantidade de água transportada pelos rios, o aparecimento de secas, inundações e incêndios, desertificação parcial de áreas costeiras e desertificação completa do interior dos continentes. … As perdas econômicas inerentes seriam muito mais altas do que possíveis lucros do desmatamento, sem falar que um tal cenário impossibilita a vida para milhões de pessoas.”

Uma possível estratégia para restaurar o abastecimento de água na maioria das regiões da terra, precisa urgentemente considerar e repensar a moderna legislação florestal no mundo todo.

Precisa-se…

• "impedir imediatamente qualquer empreendimento em destruir os restos existentes de florestas naturais, especialmente a população da zona costeira”.

• Construir uma organização mundial que “cuide que ecossistemas de florestas nativas, que bordeiam regiões com matas virgens, possa se recuperar gradualmente e de forma natural. Apenas vastas áreas de florestas ininterruptas são capazes de manter um ciclo hidrológico estável.”

Makarieva e Gorshkov terminam sua participação com a observação , que “a avaliação dos documentos mostra que a estabilidade de um ciclo hidrológico na terra a longo prazo é inatingível sem a restauração de florestas naturais e sustentáveis em escala continental.”

 

Reações – Aprendemos lentos demais?

Makarieva e Gorshkov questionam a visão convencional dos climatologistas e meteorologistas – e, consequentemente, enfrentam um muro de ignorância e silêncio. A primeira reação para este assunto urgente da Faculdade de Ciências da Terra e da Vida, (Faculty or Earth and Life Sciences) em Amsterdam, deste templo da climatologia global, demorou nem menos do que três anos. A sonância deste artigo é cético, mas na conclusão, os autores escrevem:

“Concordamos com M&G [Makarieva e Gorshkov] que o papel da vegetação – e especialmente da floresta – na produção de chuva, ainda é pouco conhecido. Também concordamos que estas questões ganham importância na medida que mudanças na cobertura do solo aumentam com o desmatamento. M&G merecem reconhecimento pela sua abordagem corajosa de esclarecer a interação entre floresta e precipitação” [5]

Entretanto, nada mudou na maneira de calcular modelos climáticos; o poder pleno das folhas continua sendo ignorado.

Em março de 2010, um artigo de Peter Bunyard, editor científico do The Ecologist e Science in Society deu um passo importante para que este conhecimento entrasse na consciência geral. Em “The Real Importance of the Amazon Rain Forest “ (“A importância real da floresta amazônica”) [2], Bunyard afirma que as “implicações da tese de Makarieva e Gorshkov são enormes; essencialmente significa que a América do Sul não pode sobreviver sem suas florestas.

De fato, um cenário do perecimento da floresta amazônica já foi simulado em 2000, num programa ostentoso da Universidade de Exeter na Inglaterra. Os dados alimentados mostraram a morte da floresta amazônica no ano 2050 devido ao aquecimento do clima e a falta de água. Mas depois da terrível seca no Amazonas em 2010, cientistas começaram a estipular a provável data da morte 20 anos antes disso. A simulação foi feita antes da publicação de Makarieva e Gorshkov. Por isso, não contém uma exposição do efeito biótico de florestas para o clima, mas apenas do efeito do clima para florestas. O ponto de vista de florestas como vítimas passivas e não como atores ativamente envolvidos permanece a norma na climatologia.

O primeiro raio de esperança, que a força da floresta pudesse um dia ser reconhecida na ciência tradicional (e consequentemente em decisões políticas e ecológicas), chegou no dia 16 de janeiro de 2012, quando o Guardian publicou um artigo intitulado "Include trees in climate modelling, say scientists" ("cientistas exigem a inclusão de árvores nos modelos climáticos”) [6]. Inicia com a frase:

“De acordo com especialistas em sistemas agroflorestais, projeções e modelos climáticos atuais podem ser imprecisos porque as medidas são baseadas em diretrizes que não incluem os efeitos das árvores sobre o clima local,.” (É notável que não é a opinião de climatologistas, mas do World Agroforestry Centre – Centro Mundial de Agroflorestamento – ICRAF.)

“Este por sua vez pode frustrar a implementação eficaz [de conhecimentos e advertências da pesquisa climática] em comunidades de agricultores locais, porque o verdadeiro efeito da mudança climática sobre as suas culturas não é capturado com precisão.

Árvores podem modificar muitos dos fatores climáticos prognosticados nos modelos, e estes efeitos devem ser integrados aos mapas climáticos,

No artigo baseado no livro How trees and people can co-adapt to climate change (Como árvores e homens podem se co-adaptar às mudanças climáticas) publicado em dezembro de 2011 pela ICRAF, Meine Van Noordwijk, um dos editores informa: “conforme diretrizes da Organização Mundial Meteorológico (World Meterological Organization (WMO –), as estações meteorológicos coletam dados climáticos mundialmente em áreas abertas – afastadas de árvores” As diretrizes da WMO “evitam o impacto da vegetação arbórea” propositalmente. Fazem de conta que isso é um planeta sem árvores – porquê?

Noordwijk acrescenta que “infelizmente … até agora, climatólogos não fizeram muito esforço para quantificar [o efeito das árvores]. Ignorando isso, perdemos uma oportunidade imensa de entender como podemos adaptar”

 

Comentário

Enquanto climatólogos continuam ignorando a importância mundial das florestas, as notícias catastróficos se acumulam, parecendo confirmar os avisos de M&G.

Waldzerstörungsgrenze im Amazonasbecken

• O desmatamento na parte este da Amazônia (veja mapa) fica perigosamente perto do limite de 600 km, que a bomba biótica de umidade necessita para levar água para o interior. Logo que a zona costeira é destruída, o sistema todo risca cair. Entretanto, já estão visíveis os primeiros indícios para a iminente desertificação da América do Sul: Em 2005 e 2010 houve duas “secas do século” – com intervalo de apenas 5 anos entre eles [7]

• Na Sibéria e nos EUA, houve gigantescos incêndios florestais nos verões de 2010, 2011 e 2012 com dimensões sem igual. Eles apontam para o ressecamento progressivo da paisagem em consequência da destruição de grandes áreas de selva nativa. (veja Notícias da árvore do mundo, Julho de 2012: Incêndios florestais e suas causas)

Climatólogos e meteorologistas seguem a teoria indiscutível da termodinâmica, mas parecem ser profissionais da velha escola, que se dedicam ao estudo da matéria (morta) e pensam em termos estritamente físicos: temperatura, pressão atmosférica, teor de umidade, peso atômico etc. Estes são os fatores importantes para eles, e não coisas vivas, como a camada de vegetação. O conhecimento sobre a interação entre biologia, química e geologia parece ser novo demais e não comprovado. Cibernética, estudos sobre o sistema de feedback, como também ciência do sistema terra não tem mais do que três décadas.

Como é pouco o que a ciência realmente sabe de árvores e florestas, fica evidente, por exemplo, em dois artigos de Justin Gillis, publicados no New York Times [7] [8]. Sabe-se quase nada da maneira que uma árvore morre (!). A maioria das pesquisas sobre árvores foca no seu crescimento, especialmente em como podem crescer mais depressa e mais alto. Mas pouco se sabe se uma árvore morre de fome durante uma seca ou outras situações de estresse (porque fecha os poros das folhas para evitar perca de água, mas finalmente perece por falta de carbono), ou se morre de sede (porque a debilitação hidráulica causada pela seca prejudicou definitivamente os canais do sistema de transporte hídrico). E quais são os processos de decomposição numa floresta pluvial que morreu durante uma seca? Quantos anos demora para liberar quais quantidades de carbono pela putrefação(o que influencia o clima)? Ou será que esta área queimaria (carvão vegetal vincula parte do carbono na terra)? Como os modelos climáticos podem integrar dados confiáveis sobre as florestas da terra sem a resposta para estas questões? Florestas, que ainda absorbem cerca de 1 bilhão de toneladas de carbono por ano – um décimo do que o homem libera.

Para a evaporação da água, só na Amazônia, a força da fotossíntese utiliza a quantia de energia solar equivalente a quinze bombas atômicas por segundo. Mas isso não é levado em consideração nos modelos climáticos, que informam sobre a “mudança climática” e “aquecimento global”. Como então, nós, o grande público, podemos acreditar nestes modelos? Porque deveríamos acreditar neles?

Muito mais urgente do que a elaboração de estatísticas novas é a salvação e preservação do que resta do mundo real – as florestas e outros ecotopos que fazem, há bilhões de anos, o que sabem fazer melhor do que nós: manter o balanço do planeta.

“Árvore e homem ficam ou caem juntos”
Fred Hageneder 1999

 

O que cada um pode fazer:

• Verificar regularmente notícias de Salve a Selva. Participar desta associação com petições para tomadores de decisões para pressioná-los. Doação de dinheiro para quem pode.

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Quellen:
[1] A. M. Makarieva & V. G. Gorshkov, ‚Biotic pump of atmospheric moisture as driver of the hydrological cycle on land‘, Hydrology and Earth System Sciences, 3, 2621-2673, 2006
[2] Peter Bunyard, ‚The Real Importance of the Amazon Rain Forest‘, ISIS Report, 15/03/2010
[3] Africa, Part 3: Congo, BBC 2013, kommentiert von D. Attenborough
[4] DOE/Lawrence Berkeley National Laboratory, ‚Salt Seeds Clouds in the Amazon Rainforest: Researchers Track Down the Sources of Condensation Nuclei‘, Science Daily
[5] A.G.C.A. Meesters, A.J. Dolman, & L.A. Bruijnzeel, ‚Comment on "Biotic pump of atmospheric moisture as driver of the hydrological cycle on land" by A.M. Makarieva und V.G. Gorshkov‘, Hydrology and Earth System Sciences, 13, 1299-1305, 2009
[6] Dyna Rochmyaningsih, ‚Include trees in climate modelling, say scientists: Climate models should include the effects of trees on the local climate, say agroforestry experts‘, The Guardian Environment Network, 16 de Janeiro de 2012
[7] Justin Gillis, ‚The Amazon Dieback Scenario‘, New York Times, 7 de Outubro de 2011
[8] Justin Gillis, ‚Learning How to Kill Trees‘, New York Times, 12 de Dezembro de 2011

 

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